De resto, a alteração de cor da lenhina tem vindo a ser estudada por equipas científicas em todo o mundo e têm sido desenvolvidas e testadas diferentes técnicas – nanoengenharia, alterações químicas, tratamentos físicos -, que a conseguem aclarar, sem alterações significativas nos seus benefícios funcionais ou na sua estabilidade estrutural.
Esta estabilidade é outro dos obstáculos que se coloca aos investigadores, pois a lenhina extraída pelos métodos tradicionais é frequentemente heterogénea, com variações significativas na sua composição química e peso molecular. Giovana identifica, aliás, a variabilidade estrutural da lenhina como a principal barreira de trabalhar com este material. “Alcançar resultados de desempenho similares para diferentes lenhinas é um desafio, principalmente quando o objetivo é valorizá-la em aplicações comerciais”, refere, identificando como outra barreira o facto de o uso direto da lenhina ser limitado pela sua baixa solubilidade em água.
No desenvolvimento do ingrediente LignoBeauty estas foram barreiras já ultrapassadas: “Utilizámos uma tecnologia capaz de transformar a lenhina em partículas que resultam num produto estruturalmente mais homogéneo e com maior compatibilidade com meios aquosos, não obstante a sua natureza química distinta”. E o processo é escalável, permitindo aumentar a produção para futuras necessidades industriais.
Depois desta etapa, a aplicação final em cosméticos tem sido o foco de pesquisa de Giovana. A ideia é ter um protótipo comercial para apresentar a empresas do sector cosmético e a organizações especializadas na validação de novos ingredientes. O processo de testes e validação desta categoria de produtos é rigoroso e moroso, o que justifica os dois a três anos que a investigadora admite faltarem até podermos ter uma gama cosmética ou um protetor solar com lenhina.